Por: Regina Schio
Já aconteceu com você? A gente ouve falar que certos livros clássicos cansativos são tesouros inestimáveis da literatura, obras que todos deveriam ler. A expectativa vai lá no alto.
Contudo, na minha experiência como leitora, descobri que alguns deles, em vez de aquecer o coração, mais parecem um monólogo interminável numa reunião online: você sabe que é importante, mas sua mente não para de gritar: “isso poderia ter sido um e-mail!”.
Nesta lista, quero compartilhar uma perspectiva honesta sobre obras que, apesar de seu imenso prestígio, podem testar os limites da sua paciência. E se você já se sentiu tentado a trocar um clássico por um vídeo de gatinhos, saiba que você não está sozinho. Vamos nessa?
Vamos alinhar as expectativas: nem todo clássico foi feito para ser uma leitura prazerosa.
Embora a literatura nos ofereça portais para mundos incríveis, alguns livros mais parecem um arrastado esforço para virar a página. É quase uma maratona onde a linha de chegada parece se afastar a cada capítulo.
E o ponto principal é este: não há absolutamente nada de errado em reconhecer isso!
Acredito que a verdadeira maturidade de um leitor está em ter a coragem de abandonar uma leitura que não conecta, que não traz alegria nem crescimento. É uma vitória pessoal.
Hoje, vou apresentar cinco livros que, para mim e para muitos, podem ser tão exaustivos quanto uma chamada de vídeo de três horas.
Roland Barthes foi um dos pensadores mais influentes do século XX, um mestre da semiótica e da teoria literária. Em A Câmara Clara, ele se propõe a analisar a essência da fotografia.
A teoria é de um brilho incrível, mas sua execução pode fazer o leitor se sentir perdido em um labirinto de conceitos densos.
Ele introduz o famoso conceito de punctum (aquilo que “punge” ou “fere” o observador numa foto), mas, confesso, a ideia muitas vezes se perde em meio à complexidade de uma prosa quase hermética, gerando uma frustração genuína.
Por que isso cansa? A escrita de Barthes é íntima, quase um diário. As reflexões parecem mais direcionadas a ele mesmo do que ao leitor.
A sensação que fica é que os insights mais valiosos desaparecem antes que possamos agarrá-los. Você termina um capítulo se perguntando se entendeu algo profundo ou se apenas foi levado pela correnteza de palavras. É, sinceramente, bem cansativo.
Simone de Beauvoir é um pilar do feminismo e do existencialismo, e A Mulher Desiludida é um documento poderoso sobre as dores e frustrações da vida feminina em sua época.
O livro é, sem dúvida, um marco histórico e sociológico. Contudo, o que deveria ser um convite à reflexão pode se tornar um mantra repetitivo de angústias, sem oferecer muita variação ou novas perspectivas ao longo das narrativas.
Por que isso cansa? As histórias, embora bem construídas, se tornam previsíveis e, por vezes, enfadonhas.
O peso da luta interna das protagonistas é palpável, mas é uma leitura praticamente sem nenhum alívio emocional. O que poderia ser um diálogo vibrante se transforma em um eco sem fim de lamúrias. Para muitos, a experiência pode ser mais um fardo do que uma reflexão construtiva.
Umberto Eco era um gênio, um erudito que transitava entre a semiótica e a ficção histórica com uma facilidade assustadora. Baudolino é a prova disso.
A obra narra as aventuras fantásticas de um jovem do século XII, misturando eventos históricos com mitologia e uma ironia deliciosa que é a marca registrada do autor.
Por que isso cansa? A genialidade de Eco é também seu maior obstáculo para o leitor comum. Sua verbosidade e o conteúdo denso exigem um conhecimento prévio de teologia medieval e história para que a narrativa seja plenamente apreciada.
O desejo do autor de exibir sua erudição cria uma barreira. A leitura, em vez de um passeio literário, se transforma em uma verdadeira jornada de estudo, quase uma obrigação acadêmica.
A autobiografia espiritual de Thomas Merton é um clássico do gênero, detalhando com fervor sua jornada de uma vida secular até se tornar um monge trapista.
Seu entusiasmo é contagiante no início, mas a profundidade de suas epifanias pode, paradoxalmente, se transformar em um fardo para o leitor. A leitura se torna tão densa que pode parecer uma verdadeira penitência.
Por que isso cansa? A natureza puramente contemplativa do texto exige uma paciência quase monástica. Falta uma estrutura narrativa fluida para guiar o leitor, o que frequentemente leva ao tédio.
A impressão que tive foi a de estar ouvindo uma pregação sem fim, que pede uma entrega total que nem sempre estamos dispostos a dar. Parece que o livro nos pede para abrir mão do prazer em troca de um aprofundamento que não parece levar a lugar algum.
Não poderíamos terminar sem ele. Hegel é um pilar do idealismo alemão, e A Fenomenologia do Espírito é talvez a obra mais desafiadora de toda a filosofia ocidental.
Nela, Hegel traça o complexo desenvolvimento da consciência até o saber absoluto. A premissa é revolucionária, mas a execução… é exaustiva.
Por que isso cansa? Ler Hegel não é um exercício mental; é uma maratona que exige esforço monumental. As frases são longas, intrincadas e se dobram sobre si mesmas.
É uma escalada intelectual tão íngreme que a maioria dos leitores se sente tateando no escuro, sem a menor esperança de encontrar a luz no fim do túnel. É um livro que muitos citam, mas que pouquíssimos, sendo honestos, realmente leram do início ao fim.
No fim das contas, a leitura é e sempre será uma experiência profundamente pessoal e subjetiva.
O objetivo deste post não é diminuir essas obras, mas validar a sua experiência como leitor. Reconhecer que livros clássicos cansativos aclamados não funcionaram para você não é um fracasso. Pelo contrário.
A verdadeira coragem literária está em saber quando parar para buscar histórias que realmente nos animem e nos façam sentir vivos.
Sejamos francos: o mundo dos livros é vasto demais para perdermos tempo com o que não nos toca. A literatura deve ser uma celebração, não uma carga!
Portanto, se você busca alternativas mais leves aos livros clássicos cansativos, procure por recomendações que prometam diversão e relaxamento. Sua jornada de leitura merece ser prazerosa.
Minha história com o entretenimento começou desde cedo. Cresci em uma pequena cidade no interior, onde a principal diversão era reunir a família e assistir aos filmes clássicos que passavam na TV aberta aos finais de semana. Foi ali, na simplicidade de uma sala de estar cheia de gente, que eu desenvolvi meu amor pelo cinema.Minha avó, uma mulher de opinião forte e amante dos grandes clássicos do cinema italiano, foi uma das maiores influências na minha vida. Ela me apresentou a filmes como "Ladrões de Bicicletas" e "La Dolce Vita," e, com o tempo, passei a entender que o cinema era muito mais do que uma simples forma de entretenimento. Era uma maneira poderosa de contar histórias, de provocar emoções e de explorar as complexidades da vida.
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